NÃO DEIXANDO DÚVIDAS
Quem se dispõe a escrever e
publicar, certamente pretende ser lido, e nada melhor que receber comentários –
críticas, sugestões e até eventuais elogios – dos leitores. Por isso sempre
deixo endereço do e-mail ao final de cada texto. A crônica de domingo, 21/11/21,
“Na velocidade do eagle”, (ver no Blog Crônicas da Madrugada www.cronicasdamadrugada.net ou
nas edições digitais do Jornal Tribuna, SP e Jornal Impacto, BA), provocou
reações diversas, dentre as quais uma que se tornou a razão desta.
Procuro sempre responder individualmente
as mensagens que me chegam e que, independentemente do tom e do tema, são
motivos de alegria. “– Toquei a atenção e a reflexão de alguém”. Longe de mim
esperar apenas concordâncias, sou por natureza polêmico, reservo-me o direito
de pensar, dizer e agir com total liberdade. Perdoem-me os que não me conhecem
pessoalmente, não sou um desses tipos encrenqueiros, que brigam por qualquer
motivo, são rudes e mal-educados. Pelo contrário, cultivo o bom relacionamento
com as pessoas, com a natureza e com as melhores manifestações do espírito
humano. Não vejam no que digo autoelogio. Sou um taurino teimoso, com ideias
próprias, que custo a ser convencido, mas para quem argumentos inteligentes,
serenos e bem-postos fazem funcionar o cartesianismo da minha formação de
engenheiro.
Permitam-me transcrever o último
parágrafo da crônica citada, que ensejou a arguição da leitora, cujo nome não
tenho autorização para declinar, cujo questionamento pode ter sido de muitos
outros, o que me faz trazer este esclarecimento ao coletivo.
“O Brasil terá eleições em
breve, a polarização que há muito se observa no nosso ambiente político, sem
que discutamos um projeto de nação para o mundo que se vai impondo,
possivelmente nos levará a discutir sobre dois cadáveres ideológicos
insepultos. Um erro de perspectiva!”
É sobre esse trecho que a
perspicaz leitora formula sua questão: “Sobre os dois cadáveres ideológicos
insepultos deve existir alguma ideologia vivente para você... ou não? Em
existindo, poderia explicá-la?”
Para fundamentar os
esclarecimentos pedidos, vou buscar o que se entende por ideologia e recorro ao
dicionário on-line Infopédia, da Porto Editora:
1. Sistema de
ideias, valores e princípios que definem uma determinada visão do mundo,
fundamentando e orientando a forma de agir de uma pessoa ou de um grupo social
(partido ou movimento político, grupo religioso, etc.)
2. FILOSOFIA
estudo da origem e da formação das ideias.
Penso que a concepção de número 2
não se enquadra no objeto do que escrevi, nem na pergunta da leitora. Fiquemos,
portanto, com a primeira.
Duas perguntas me são feitas. A
primeira se deve haver alguma ideologia vivente para mim. Que respondo: Claro,
existem inúmeras ideologias, para todos os temas que pensarmos, quase todas
salvadoras, das que se referem à política, quase todas derivadas daqueles
princípios que citei no texto. O marxismo e as teorias econômicas de suporte do
capitalismo. Todas, a seu modo explicam e justificam o mundo como ele está.
Imaginando que eu conhecesse (ou
professasse) alguma ideologia, mas que ainda não a tivesse declarado nos meus
escritos, a atenta questionadora me solicita que a explicasse. Respondo: –Não, não sigo nenhuma ideologia e vou
explicar o porquê.
Ideologias e religiões partem de
dogmas nas suas organizações filosóficas. De ideologia já falamos, falemos de DOGMA.
Vamos ao mesmo citado dicionário
para pisarmos em terreno firme, que para o termo entende na: 1- RELIGIÂO
doutrina proclamada como fundamental e incontestável; 2- FILOSOFIA ponto
fundamental da doutrina; 3. Opinião imposta pela autoridade e aceite sem
crítica nem exame; 4- proposição apresentada como irrefutável.
Concluo, sem esforço, que
religiões e ideologias se fundamentam em dogmas. Na criação das religiões, os
dogmas foram passados por ligações sobrenaturais do Criador a seus profetas ou
de Deus a Seu Filho, no caso da crença cristã e isso não está aqui em
discussão.
Os profetas dessas religiões
modernas, as políticas, sociais e econômicas não são ungidos pelos céus, seus
livros, com suas teorias não valem para a eternidade (mesmo que alguns adeptos
fanatizados julguem-nas verdades eternas) em alguns anos custarão centavos no
site da Estante Virtual, não cumpre, portanto, deificá-los.
Por isso, prezada leitora, não
tenho pelas ideologias nenhum apreço. No caso particular da disputa
presidencial que se discute desde o término da eleição de 2018, temos um
arremedo de ideologia de esquerda, divulgada por alguém que se diz uma “metamorfose
ambulante” e que disputa a eleição com outro que segue uma ideologia, vendida
por um picaresco filósofo, cujo princípio é somente combater a primeira.
A polarização interessa somente
aos dois polos, a famosa alternância do poder se dará entre eles. Se A se
eleger em 2022, B lhe fará oposição (e mais ninguém significativo). O mesmo
jogo de cartas marcadas, tentarão jogar em 2026, como já o haviam feito em 2018,
e assim por diante. Na Casa de Noca só os dois grupos participarão da orgia.
Não sei se lhe respondi, cara
leitora. Quero o que todos querem:
Um projeto de desenvolvimento
sustentável para o país, proposto por gente séria com capacidade para levá-lo a
cabo e que não seja apenas um banner de campanha.
Que se lixem os falsos profetas
do ontem e do hoje e os ídolos com pés de barro, que deles se servem desavergonhadamente.
Crônicas da Madrugada. Danilo
Sili Borges. Brasília – Nov. 2021
O autor é membro da
Academia Rotária de Letras do DF. ABROL BRASÍLIA
Caro amigo, a sua resposta está muito bem apresentada e com base nela apresento o meu pensamento e comungo com o seu ponto de vista, no entanto
ResponderExcluir"Quero que seja desenvolvido um projeto para o país," com seriedade e honestidade, abrangente a todas as classes da população e que "não seja apenas um banner de campanha".