OS 2 ANOS DA CRÔNICA
Por Danilo Sili Borges
Em 18 de junho de 2018, em plena
Copa do Mundo, postei para os amigos, pelas redes sociais, o primeiro texto
dentro de um conjunto organizado que pensei chamar de Crônicas da Madrugada,
porque seriam escritos durante minha diária insônia terminal, que me arrancava
dos cobertores muito antes do galo garnisé do meu vizinho (putz, bichinho
barulhento) saudar o sol. Eu me propunha a escrever um artigo curto, tão bem
elaborado quanto minhas limitações permitissem, econômico em adjetivos e
advérbios e que nunca ultrapassasse 700 palavras.
O exercício mais proveitoso e
também o que mais dói é colocar o texto dentro da caixa em que caiba no máximo
esse número de palavras. Voltaire, há quase três séculos, já tinha percebido
“que o segredo de aborrecer é dizer tudo”. Aceitando-lhe o ensinamento, não me
importo de cortar até mesmo partes acessórias, aparentemente importantes, para
chegar ao escrito fluido, enxuto e ritmado. Se não consigo, pelo menos, tento.
No começo, o compromisso que
assumi comigo mesmo, era da crônica ser semanal, mas sem dia certo para
divulgá-la. Logo recebi sugestão para que o fizesse sempre aos domingos e assim
está sendo feito até hoje, exceto no Jornal Impacto de Vitória da Conquista, na
Bahia, que a publica nas tardes de sábado, atendendo solicitação do editor e
proprietário daquele jornal – que acabou de completar 33 anos – o jornalista
Tico Oliveira, que abriga as Crônicas da Madrugada há um ano, sem nenhum tipo
de censura, ou pedido de puxa-saquismo para personalidades locais ou estaduais.
A periodicidade arrumava bem a
minha cabeça e criava o espaço da crônica na minha rotina, inclusive para a
leitura de quem é compulsivo leitor do gênero, e entende que o Brasil tem aí grandes
autores, a começar por Machado de Assis. Sou de opinião que essa é a melhor
escola para quem pensa em, superando o pudor, expor-se aos amigos e até aos
desconhecidos, falando do que bem entende, do que pensa que entende, do que
entende bem ou do que está tentando entender.
A boa crônica, como toda
manifestação criativa, deve retratar integralmente a maneira de ser e de pensar
do seu autor. Há os cronistas que estão umbilicalmente ligados a um tema, são
especializados, dedicam-se ao assunto 24 horas por dia, política, futebol,
artes plásticas, cinema e são notáveis em suas especialidades. Poderíamos citar
nomes reconhecidos na crônica escrita e televisionada cujos trabalhos nos
chegam diariamente, desses ases da atividade, muitas vezes denominados “comentaristas”.
Com delicadeza de neurocirurgião frente
a um cérebro exposto, por vezes perguntam-me: –“Por que agora, no ocaso da
vida, você resolveu escrever crônicas? Por que não antes?” Eu tenho dois
argumentos para responder. O primeiro, os artigos que escrevo são sobre
temática aberta, abordo desde a técnica de atracação de navio petroleiro em noite
de mar em ressaca, até o parto prematuro de macaca em selva africana. E somente
idosos são convencidos que entendem de tudo. Segundo, como engenheiro, há
muitos anos mantenho comunicação classista com minha categoria por meio de
material escrito. Encontra-se ativo, desde 2010, o blog Conversa de Engenheiro,
conversadeengenheiro.blogspot.com . Durante muito tempo o Sindicato dos
Engenheiros do DF me ofereceu a última página da revista Voz do Engenheiro para
um artigo, enquanto a mesma circulou. De 1982 a 1987, como presidente do
Crea-DF, aquela autarquia manteve no Correio Braziliense o “Informativo do
CREA-DF”, no qual, semanalmente me cabia análise da conjuntura relativa às
profissões inscritas no Conselho, sob o título, Recado do Presidente. Tenho
entre meus guardados centenas de recortes, quase ilegíveis, desses escritos,
crônicas na verdade. Sempre as escrevi nas madrugadas insones.
Crônicas da Madrugada não é
especializada. Não é ideológica, não tem partido, não idolatra, nem detesta
nenhum homem, (sentido amplo), não professa religião alguma. Seu autor é
vascaíno, mas aprecia o bom futebol, e torceu pelo Flamengo do Jorge Jesus.
Acredita na Paz, na Democracia e no Brasil. Muda de opinião sempre que entende
que a razão está do outro lado. Não é escravo da coerência. Crê na Beleza e no
Futuro, sua mãe chamava-se Linda e sua avó Esperança.
Obrigado pelos Parabéns!
Crônicas da Madrugada.
Danilo Sili Borges. Brasília – Jun.2020
danilosiliborges@gmail.com
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