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Mostrando postagens de agosto, 2020

ATLETAS OU BUNDÕES

 Por Danilo Sili Borges Estava, quarta-feira passada, alinhavando as primeiras ideias para esta crônica, quando recebi a notícia do falecimento do amigo e companheiro rotariano José Maria Coelho. Pensei em abandonar o tema que me havia ocorrido por ter o presidente da República, como largamente o leitor acompanhou pela imprensa, dividido a humanidade em atletas e bundões. Os primeiros, como ele próprio, que se fossem acometidos pelo Covid-19, logo estariam curados e os demais, de destino incerto. Não que Zé Maria tenha sido vítima da pandemia, que atua encurtando o previsível ciclo vital. No seu caso, o desgaste orgânico, que a todos cobra o preço da fruição da vida, o foi levando pouco a pouco. Triste, mas inevitável.   Mantive título e tema, pois reconheci no meu amigo um atleta. Não do tipo muscular. Quando me dei conta que, no grande jogo da vida, Zé Maria tinha sido um atleta vencedor, um campeão. Nunca cheguei a saber das suas habilidades nas quadras, nos campos ou nas pistas

E A VERGONHA CONTINUA

  Por Danilo Sili Borges   Depois do encontro que me levou a publicar o texto a seguir, em 2015, continuei a manter contatos por meios digitais com meu colega, residente no Rio. Esta semana, seu filho me informou do seu falecimento, vitimado pela covid-19. Durante muito tempo, a Operação Lava Jato foi sua esperança na redenção do Brasil. Ultimamente ele voltou a ter vergonha pelos outros, os que a estão destruído. O ENGENHEIRO ENVERGONHADO Há poucos dias encontrei no aeroporto do Galeão um colega de turma, que não via há mais de trinta anos. Aeroportos são ótimos por nos proporcionarem encontros inesperados. Como eu, ele também vinha para Brasília, onde mora um de seus filhos.   Carlos Silva (nome fictício) e eu nos formamos em engenharia civil no distante e conturbado ano de 1964, na Escola Fluminense de Engenharia, então uma jovem instituição, que deu lugar a atual escola de engenharia da Universidade Federal Fluminense. Lá se vão 51 anos, o que não é pouca coisa. As condiçõe

SEM MEMÓRIA, SEM CONSEQUÊNCIAS

  Por Danilo Sili Borges Há aproximadamente um ano, estávamos indignados com o óleo escuro, pegajoso e mal cheiroso que manchava nosso litoral nordeste, matava peixes, crustáceos e aves marinhas e rompia o sutil equilíbrio ecológico dos arrecifes de largas extensões dos mares nordestinos. Não se sabia de início a duração do que ocorria, mas se podia observar que o petróleo cru se espalhava rapidamente do norte para sul. A população local tomou a si o encargo da limpeza das areias das praias no que foi seguida pelas prefeituras. Além da questão ambiental evidente que já afetava a pesca, havia também a preocupação com possível frustração da temporada turística, importante fator para a atividade econômica regional. Avizinhava-se uma catástrofe. Rapidamente percebeu-se que se estava diante de problema grave e incomum. As autoridades em todos os seus níveis empenharam-se em combatê-lo. Navios equipados foram disponibilizados pela Marinha, as universidades da região com seus pesquisado

GARANTISMO TAMBÉM ÀS VÍTIMAS

  Por Danilo Sili Borges                 Sou analfabeto em Direito, mas leio jornais e boas obras literárias, além de acompanhar o cotidiano pelos noticiários das televisões. Minha atenção tem sido atraída para o uso cada vez mais constante do termo “garantismo”, certamente oriundo das ciências jurídicas, tão distantes da minha cartesiana formação de engenheiro. Num primeiro entendimento leigo, pelo contexto, pareceu-me que o termo referia-se ao impedimento da Justiça não poder utilizar instrumentos, além dos permitidos expressamente nos códigos, para julgar acusados de determinados fatos delituosos. Como entre meus leitores existem leigos como eu, permito-me apresentar um exemplo chulo: para se alcançar a confissão de um suspeito, digamos de roubo, assassinato ou de ação contra a segurança do Estado, não é permitida a tortura, como se fazia na Idade Média ou mais recentemente nos regimes de exceção.   Procedimentos desse tipo invalidariam, em tribunais republicanos, o corresponden

GENOCÍDIO E DENÚNCIA VAZIA

      Por Danilo Sili Borges                            Genocídio foi uma palavra que apareceu com frequência nos órgãos de comunicação no mês findo em relação a instituições brasileiras.                 A primeira menção que me tomou a atenção, como, aliás, à totalidade da nação, pela inesperada origem, veio de um alerta do mais popular ministro do STF, Gilmar Mendes, ao Exército Brasileiro, que poderia se estar associando a um possível genocídio, tendo como causa o Ministério da Saúde e, portanto, a política da área estar sendo definida por general daquela arma, sem as qualificações técnicas necessárias para a função, numa quadra em que o país enfrenta pandemia que ceifa milhares de vidas em curtos períodos de tempo. No entendimento deste cronista, a ilação pareceu exagerada, mesmo tendo em conta a militarização promovida pelo Presidente da República naquele ministério, após não ter tido sucesso em conseguir impor seu pensamento leigo a dois ministros médicos por ele nomead