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Mostrando postagens de janeiro, 2021

FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL E O JOGO DE CADA UM

 Por Danilo Sili Borges Foi uma semana a calhar para quem gosta de fazer análises de conjuntura. O pano de fundo é a renitente pandemia que se recusa a ceder e que, pelo contrário, vai aparecendo com cepas novas do SARS-CoV-2, criando o temor de que as vacinas existentes num determinado momento tenham que ser reformadas. O circo que anualmente arma suas lonas em Davos para receber o Fórum Econômico Mundial, no qual as maiores personalidades da política e da economia vão expor seus planos, visões e preocupações com a atualidade e o porvir do planeta, este ano não levantou seus mastros e está restrito a painéis e lives , por vídeo conferência. A imprensa, internacional e nacional, não está dando ao evento a cobertura habitual de quando o Fórum se realiza presencialmente no gelado paraíso suíço. Há a expectativa de uma rodada presencial em maio em Cingapura, se a Covid permitir. É uma pena! A coincidência do Fórum com os primeiros dias da administração Biden nos Estados Unidos, que

DEMOCRACIA É CONQUISTA

  Por Danilo Sili Borges Há pouco mais de uma semana, declaração do Presidente da República levou os brasileiros a refletirem sobre o sentido de democracia, ao nos alertar que essa milenar organização político-administrativa é, entre nós, uma concessão que os militares fazem ao restante da sociedade, ao seu bel prazer. Uma rápida visita ao Google nos levará a Atenas do século VI a.C. e aos problemas e conflitos para administrar aquela cidade-estado, onde somente os ricos e poderosos tinham e desfrutavam do poder político. Ao povão nada além de trabalho e ração magra. Ah! e também serviam como bucha de canhão para as guerras. Desculpe, naquela época ainda não havia canhões, mas guerras eram frequentes e lhes davam espadas, lanças, flechas e coisinhas do gênero para matarem-se uns aos outros. A ida ao passado nos vai mostrar que a democracia surgiu com homens de pensamento naquela Grécia muito antiga, os filósofos que nos legaram as bases intelectuais da nossa civilização e que con

A HORA DA INDEPENDÊNCIA

  Por Danilo Sili Borges Nada é mais importante para países e para pessoas que sua independência, mas deve-se ter em conta que ela é sempre relativa. Foquemos neste artigo no relacionamento entre estados nacionais. A necessidade da complementaridade de bens e serviços para suas economias, por si, comprovam essa afirmação. O que a dependência comercial e mesmo de outras naturezas não pode significar é submissão aos interesses do outro, é entregar o direito de decidir suas ações a terceiros. E isso é comum entre nações, tanto declarada, quanto sub-repticiamente. A política externa praticada por uma nação permite perceber o grau de autonomia que ela tem de gerir suas ações políticas e comerciais. Não fosse assim, não teríamos no caso do Brasil, no passado, governos que definiram explicitamente suas políticas externas como independentes – PEI. Isso ocorreu nos governos de Jânio Quadros e João Goulart, cujos respectivos chanceleres, Afonso Arinos de Mello Franco e Santiago Dantas, conduzi

" O ANEL QUE TU ME DESTES ... "

  Por Danilo Sili Borges “...era vidro e se quebrou. O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou...por isso dona Chica, diga um verso bem bonito, diga adeus e vá embora”. Tal como nas celebrações sentimentais, as alianças políticas também se partem, há perdas e derrotados. Ciranda Cirandinha, o que cabe a dona Chica é ir embora. Com frequência alguns são recalcitrantes e se recusam a entender que tudo acabou para eles, não dizem a quadrinha bem humorada, nem escondem a lágrima do passado feliz. Aquele tempo acabou! E na recusa, por vezes, se tornam violentos e na delegacia a questão é com a Maria da Penha. Mesmo de longe, e não fazendo parte diretamente da questão do desenlace político que está ocorrendo nos Estados Unidos, na arquibancada virtual em que se transformou nosso planetinha, pedimos: Donald, diga o verso bem bonito e vá pra casa. Poupe seu grande país desse vexame global e histórico. Nos países em que a escolha do governante se dá por sufrágio universal, a diferença

UMA CRÔNICA SOFRIDA

  Por Danilo Sili Borges Pela primeira vez me está sendo penoso escrever um texto para Crônicas da Madrugada. Depois de quase três anos, todos os domingos, sem faltar nenhum, de levar minhas opiniões aos meus amigos e encontrar nisso grande prazer, mesmo quando o tema em si mesmo é doloroso, o fato de abordá-lo, de refletir sobre ele, de emitir opinião, em suma, de participar, preenche minha necessidade de ser cidadão ativo, consciente e solidário. Nunca me passou o sentimento expresso pelo saudoso jornalista e escritor Armando Nogueira, quando, numa entrevista, lhe foi perguntado se ele gostava de escrever. E sua resposta foi: “Não, gosto de ter escrito”. O exercício da escrita já faz parte das minhas madrugadas das sextas e dos sábados e não o troco por nada. O autor de matérias sobre a transição de um ano para outro não tem muitas opções, ou faz a retrospectiva do que finda, ou fala das expectativas do que se inicia. Uma terceira possibilidade é o olhar crítico sobre o que foi