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Mostrando postagens de maio, 2020

OS AVALISTAS

Por Danilo Sili Borges Ao apor a assinatura no documento de crédito da dívida de outrem em quem confia, o avalista torna-se, legal e moralmente, o principal devedor por aquele compromisso a ser saldado e empenha nisso seu patrimônio pessoal. Na maioria das vezes, no tabuleiro do risco estão os bens materiais. Para os que as prezam, há riquezas mais valiosas, construídas ao longo de toda uma vida, desde a mais tenra juventude. É o que está ocorrendo, no momento, no mercado político do “toma lá, dá cá” brasileiro. Três bem sucedidos senhores em suas carreiras, bem conceituados entre seus camaradas, cabeças brancas, aceitaram ser os avalistas da manutenção do governo da República, ameaçado de sofrer impeachment, que neste curto texto não vamos considerar quanto ao mérito, mas que certamente esses experimentados militares o fizeram. Com suas firmes presenças e ações na equipe de governo têm criado a estabilidade necessária, talvez até para evitar ao país um novo trauma como os v

APENAS NÚMEROS

Por Danilo Sili Borges Números, por si mesmos, não dizem nada. Se eu disser 2022 ou 1179, sem nenhuma informação complementar, isso nada significa. Se na sua cabeça já existirem conhecimentos a respeito deles isso pode ser um dado para você. Gente que fugiu da escola por causa da matemática, aumentando a evasão escolar, está ligando nos jornais da TV para ver a evolução dos números da pandemia com mais interesse que pelo resultado da mega sena. Para muitos, a vida tem mais valor que a riqueza e que a economia, sinal dos tempos. Há místicos que procuram relações mágicas nos números, estetas que veem beleza em proporções entre valores, que ao se combinarem agradam os sentidos. É o caso do número áureo, que desde remota antiguidade comparece em obras de arte. No século XIII, Leonardo Fibonacci, talentoso matemático, nascido em Pisa, criou uma sequência de números, onde cada um é a soma dos dois antecedentes e que se comprovou descrever o crescimento de seres da natureza, ao que s

A HUMILDADE NECESSÁRIA

Por Danilo Sili Borges Em tempos bíblicos, aprendemos a fabricar tijolos muito resistentes e com eles começamos a construir uma torre que seria tão alta para alcançar o céu. Éramos um só povo e falávamos uma só língua, isso logo após o Dilúvio. O grande empreendimento, símbolo da nossa grandeza, não prosperou. Dividimo-nos em diversas nações e passamos a falar em variadas línguas. Nunca mais nos entendemos. O acelerado avanço científico e tecnológico das últimas décadas deu à humanidade a certeza que os riscos que a sujeitavam advinham somente do terrorismo e das guerras limitadas, provocadas por antigas questões étnicas e religiosas, manipuladas por potências externas. Mesmo as grandes questões comerciais e de poder global envolvendo os Estados Unidos, a China e a Europa apresentam interesses de capitais e empresariais tão imbricados que as disputas são perfunctórias, limitando-se a arroubos e nunca levando às vias de fato. Ficando o restante do planeta na condição submissa de

CAUSA, EFEITO E RESPONSABILIDADE

Por Danilo Sili Borges Na História da Humanidade a incorporação do conceito de causa e efeito foi demorada e até hoje há largos bolsões que preferem acreditar em magias e em “ouvi dizer” para encaminhar a solução de problemas de naturezas diversas, que vão da queda precoce dos cabelos, à cura de doenças graves. E, no entanto, foi esse conceito que permitiu o surgimento da ciência como a conhecemos hoje e a partir de uns poucos séculos para cá. Não dá, numa sociedade moderna, para desprezar o longo caminho que começou com a observação dos fenômenos, depois tentando provocá-los, codificá-los e, se possível, modelá-los. Surgiram e continuam surgindo os gênios da raça, desde os pitágoras, na muito antiga Grécia, os galileos, os newtons e o mais recente Einstein e outros que o Prêmio Nobel anualmente revela ao mundo. O entrelaçamento de tantos conhecimentos científicos permitiu a complexidade do mundo atual. Causa e efeito. Conceito básico da ciência que nos permite entender o mundo

DIA DAS MÃES

Neste texto, nas vezes em que nos referirmos a FILHOS, entendam filhos homens e filhas mulheres, como sempre se usou em nossa língua. A obrigação de a todo o tempo ficar destacando “filhos e filhas” quebra o ritmo da leitura ou do discurso, gerando um péssimo estilo. MÃE Os humanos desde sempre tiveram mães, mas demoraram muito a terem pais. Afirmam antropólogos que durante milênios, nos primórdios da espécie, nossos ancestrais desconheciam a paternidade. Isto é, não associavam o intercurso sexual à concepção e, portanto, ao surgimento de uma nova criatura, aproximadamente 270 dias depois, três períodos sazonais decorridos, por exemplo, outono, inverno e primavera, tempo demais naquela escala de vida tão urgente e com poucos marcadores temporais. Acrescente-se a isso que os ciclos biológicos férteis da mulher não permitiam facilmente a inferência de causa e efeito. Não havia obrigações, nem casais exclusivos pelo que se deduz das leituras. “Narizinho igual ao do fulano, ded

SEMPRE, AOS FATOS

Por Danilo Sili Borges “Nada é mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem”. Nelson Rodrigues. Inicio esta crônica com a reflexão de Nelson Rodrigues. Muitas outras existem no mesmo sentido, mas nenhuma no estilo rude e sem papas na língua que caracterizaram o notável intelectual, protagonista em sua época. Escritos com essa clareza são importantes, pois podem funcionar como anticoncepcional para evitar que sejamos emprenhados pelos que enchem nossas caixas de mensagens com toneladas de fake news. Se o teste de gravidez acusar positivo, essa foi consensual. Além das mensagens digitais massificadas, vivemos também sob a influência de órgãos da mídia que tratam, igualmente, com pouca ou nenhuma isenção, os fatos correntes. Lideranças estimulam a irracionalidade, fulanizando a política, com atitudes do tipo, “eu sou a lei e o livro, siga-me e serás salvo”. A atitude messiânica – com alusões –