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Mostrando postagens de junho, 2020

DO BOATO À FAKE NEWS

Por Danilo Sili Borges Será mesmo o futebol o mais popular esporte hoje praticado no Brasil? Apesar da visibilidade de atrair multidões aos estádios, de provocar discussões às segundas-feiras em todos os ambientes de trabalho e de sabermos dos vencedores de domingo somente pelo desfile das camisetas dos viajantes dos ônibus e metrôs das nossas cidades, penso que há outra prática, quase esportiva por seu aspecto lúdico, que vem mantendo, em nosso cotidiano, status semelhante. Como o futebol, no início ela era amadora, jogada por prazer, agora é profissional, disputada numa espécie de luta mortal. Falo do que antes era o “boato”, agora especializada, ganhou eficácia e, como a Conceição, do Cauby Peixoto, desceu à cidade e “hoje o seu nome mudou”, virou “fake news”. Como nos boatos, o gol das fake news é a destruição de reputações. Elas se concentram nas atividades políticas e têm, mais que o futebol, um grande atrativo. O centenário esporte dos pés é jogado pelos onze de cada equ

OS 2 ANOS DA CRÔNICA

Por Danilo Sili Borges Em 18 de junho de 2018, em plena Copa do Mundo, postei para os amigos, pelas redes sociais, o primeiro texto dentro de um conjunto organizado que pensei chamar de Crônicas da Madrugada, porque seriam escritos durante minha diária insônia terminal, que me arrancava dos cobertores muito antes do galo garnisé do meu vizinho (putz, bichinho barulhento) saudar o sol. Eu me propunha a escrever um artigo curto, tão bem elaborado quanto minhas limitações permitissem, econômico em adjetivos e advérbios e que nunca ultrapassasse 700 palavras. O exercício mais proveitoso e também o que mais dói é colocar o texto dentro da caixa em que caiba no máximo esse número de palavras. Voltaire, há quase três séculos, já tinha percebido “que o segredo de aborrecer é dizer tudo”. Aceitando-lhe o ensinamento, não me importo de cortar até mesmo partes acessórias, aparentemente importantes, para chegar ao escrito fluido, enxuto e ritmado. Se não consigo, pelo menos, tento. No com

O DIA DOS NAMORADOS

Por Danilo Sili Borges Para os que já viveram muitos invernos é impossível lembrar o Dia dos Namorados sem se pegar cantarolando, no brejeiro ritmo sertanejo, “Hoje é Dia dos Namorados toda Terra está em flor, só se vê menina e moça de braço dado com seu amor...Quem não tiver amor, pede a Santo Antonio/ Que Santo Antonio dá...” Entre nós, a simpática comemoração ocorreu na última sexta-feira, 12 de junho, véspera da data dedicada ao idolatrado Santo Antônio, nascido em Lisboa nos últimos anos do século XII. A história de vida desse extraordinário religioso atravessou o tempo pelas suas múltiplas qualidades como teólogo, orador, taumaturgo. Também identificado como Santo Antônio de Pádua, por ter vivido por anos naquela cidade italiana, afirma-se que qualquer pedido com fé feito ao santo, será por ele atendido. E que, caso esteja demorando, é válido maltratar a imagem para apressar o sucesso da solução, daí as simpatias comuns no Brasil, das jovens que, em busca de namorados, pe

I CAN'T BREATHE

Por Danilo Sili Borges A expressão “Eu não posso respirar” tem sido ouvida milhões de vezes a partir do momento em que foi pronunciada por um homem negro que estava sendo assassinado, por asfixia, pelo simples motivo de ser negro. Simultaneamente, em hospitais e lares por todos os quadrantes do planeta, centenas de milhares de seres humanos de todas as raças e condições sociais têm repetido “eu não posso respirar”, asfixiados pelo vírus SARS-CoV-2   que pretende matá-los, pelo simples fato deles serem humanos. Não estranhe essa afirmação, esse vírus não infecta decisivamente nenhuma outra espécie animal e nem utiliza hospedeiro não humano. Ele se transmite apenas de um humano a outro. A totalidade da população planetária esconde seus rostos atrás de máscaras na tentativa de se isolar do inimigo mortal e tem sua respiração prejudicada, pois o tecido que filtra o ar dificulta a troca de oxigênio por gás carbônico. Todos queremos respirar! Símbolos, para quem gosta de inter