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Mostrando postagens de julho, 2022

UNIDOS POR PRINCÍPIOS?!

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  Retorno a esta crônica após a ausência da semana passada. Confesso que por longos 28 meses guardei-me do encontro com o SARS-CoV-2 , que intuía fosse inevitável. Passei pelos desconfortos da fase aguda e ainda vou superando o que chamam de pós-covid, algumas fragilidades orgânicas (e psicológicas) que, pelo que percebo, atingem com intensidade diferente a cada um dos convalescentes. Nestes longos 20 dias, relaxei o acompanhamento que faço da realidade nacional e mundial pelos meios de comunicação que acesso. Dever de todo cidadão do mundo é formular hipóteses sobre os fatos visíveis do futuro que o alcançará (e a todos) segundo seus prognósticos. Alguns são mais descansados (ou otimistas) dizem: “deixa pra lá, o futuro a Deus pertence”. Outros, além de perscrutarem o porvir, atitude meramente intelectual, atuam no sentido de moldá-lo ao seu jeito, são os que querem fazer a História. São muitos os jeitos pretendidos, os interesses, os objetivos, daí os conflitos. Estes inevitáve

A BANALIZAÇÃO DA MORTE

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  O título desta crônica poderá levar algum leitor a argumentar que nada é mais banal que a morte, afinal todos os seres vivos, dos mais simples, aos mais complexos, os humanos, encerram o seu ciclo de vida dessa forma. A verdade é que não aceitamos com naturalidade esse fato, e é sobre ele que se constroem filosofias e religiões. Schopenhauer, grande filósofo alemão, descreveu a morte como “a musa da filosofia” no início do século XIX. Sócrates, sobre o mesmo tema, no Período Clássico da civilização grega,     definiu a filosofia como a “preparação para a morte”. Ao começar a refletir sobre este tema, lembrei-me de um belíssimo texto da saudosa escritora Lya Luft publicado na Revista Veja em 2014, O Ciclo da Vida , que o Google sempre a postos me trouxe novamente às mãos, no qual a autora o aborda a partir de variadas visões, a começar pelo poema, por ela traduzido, da poetisa americana Edna ST. Vincent Millay, Elegia sem música , que mostra seu inconformismo frente à inevitabilid

EU TE PERDOO, EU ME PERDOO

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  Eu gosto das pessoas de sangue quente, das que se exaltam, das que não levam desaforo pra casa, como minha tia Jildete, capaz de tirar a limpo qualquer dúvida que ficasse no ar, até mesmo numa conversa de família, que parecesse que lhe queriam pisar os pés, com insinuação maldosa. Passada a indignação, a fúria cessava. Às vezes o processo de digestão e de voltar “às boas” consumia tempo, dias, semanas, mas certamente acontecia, todos sabíamos. Eu nasci pobre, porque meu pai, antes bem situado, havia perdido seu patrimônio, segundo me foi contado, por ter sido lesado por sócio, parente próximo. Avaliou meu pai que a desforra física total, que chegou a ser cogitada, levaria à desagregação familiar, ao caos. Calou-se, absorveu perdas e, religioso que era, disse, uma só vez: “Entrego a Deus”. E daí em diante conviveu com o predador normalmente no contexto familiar. Só me sinto à vontade de trazer esse fato à luz por não estarem entre nós os que poderiam identificá-lo. Eu gosto das

EU, MEDITANTE

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  Um fato irrelevante irritou-me hoje pela manhã, além do razoável, reconheço. “Devo estar ficando mesmo desses velhos ranzinzas que reclamam de tudo, uns chatos, logo eu, que cultivo com tanto empenho a tolerância e a compreensão”. Pensei, num exercício de amarga autocensura. Julho, 4, 1978, tornei-me meditante, após treinamento singelo, em cerimônia de Meditação Transcendental ao receber meu mantra, que daí em diante não deveria ser pronunciado e apenas repetido mentalmente. Guardei a data por sua significação histórica: o Independence Day americano, 1776, que iniciou uma era de democratização no mundo, sendo logo seguida pela Queda da Bastilha, em 1789, e que dá frutos até hoje, apesar das muitas ameaças totalitárias, religiosas algumas, ideológicas outras. Quanto à meditação, milhões de pessoas participaram daquele movimento, visto na época como contracultural, trazido ao ocidente, da Índia, principalmente nas universidades e no meio artístico. Hoje existem dezenas de sistema