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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

O DESAFIO DA DÉCADA

Por Danilo Sili Borges  Democracia e liberalismo foram os vencedores da disputa econômica no século vinte. O sistema de produção capitalista que se implantou com força a partir do século XIX, apoiou-se na ciência e nos recém-nascidos conceitos gêmeos, tecnologia e mercado. Os primórdios da produção capitalista foram de intensa e desumana exploração do trabalho em benefício da acumulação do capital, o que provocou o surgimento de teorias que pregavam modelos de produção que fossem menos gravosos à mão de obra. A resposta foi a implantação revolucionária de modos de produção favoráveis ao trabalhador, na Rússia em 1917, que levou à criação da URSS. Sistema em que os bens de produção eram do Estado, que dividiria os resultados socialmente. Esses seriam otimizados, entendiam seus propositores, por planejamentos governamentais. Para que isso funcionasse, a revolução implantou a chamada ditadura do proletariado. Adeus democracia. Estavam estabelecidos os polos da disputa econômica do sécul

JUSCELINO. UMA ESPERANÇA

  Por Danilo Sili Borges JUSCELINO, UMA ESPERANÇA Desde muito cedo, acompanhei política pelo jornal que meu pai comprava diariamente e pelas transmissões radiofônicas das sessões na Câmara dos Deputados. Assim, ainda na adolescência, vivi radiofonicamente toda a crise que desembocou no suicídio do Getúlio, fato que se deu quando eu tinha 13 anos. Depois acompanhei encantado, todas as noites, as gravações    das esgrimas verbais entre Carlos Lacerda, pela oposição, e o baiano Viera de Melo, líder do Governo Juscelino. Era tudo muito bonito, gente inteligente é outra coisa. Outubro, 3, 1960. Eleições gerais no Brasil. A vassoura varria o país de ponta a ponta, aos meus 19 anos, pela primeira vez eu ia exercer o direito de escolher o presidente da República do meu país. Peguei no cabo de uma e coloquei outra, dourada, simbólica – um boton – na lapela e sai na tropa pelo que acreditava ser a restauração da moralidade na governança pública. Elegemos Jânio. Aprendi! Nunca mais segui li

NAS DUAS PONTAS DA VIDA

Por Danilo Sili Borges  O ano havia começado há poucos minutos. Todos os do nosso restrito grupo familiar, nesse início da terceira década do século 21, falavam das vacinas que estavam para começar a ser aplicadas e que nelas, infelizmente, os políticos brasileiros, mais uma vez, encontraram um modo de mostrar o quão pouco estavam preparados para suas funções. Resolvi, subitamente, mudar o eixo da conversa em torno da mesa, que confesso, é das coisas que mais gosto de fazer: jogar conversa fora depois de harmonizar os pratos e os vinhos e vice-versa, algumas vezes, mantendo a vivacidade, pela sucessão dos cafés quentes que boas almas lembram de trazer na frequência certa. Anunciei então, “Quero lhes declarar que é ótima a sensação que tenho de estar vivendo meus 80 anos.” Meu filho mais velho, certamente pensando que meus combalidos neurônios, por efeito das taças a mais do tinto, estivessem tropeçando uns nos outros (os maldosos dirão, um no outro), logo corrigiu: “Pai, por enquan