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Mostrando postagens de junho, 2021

O REAL MOEDA FORTE

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Diante da pandemia que ceifa a cada minuto 2 vidas brasileiras, discute-se, dos botequins ao Senado da República, se ciência é mesmo coisa para valer ou conversa de americano para vender vacina para combater o vírus que os chineses inventaram. Claro que esquecemos por algum tempo dos diagnósticos feitos com auxílio dos equipamentos que perscrutam o interior da intimidade das nossas vísceras e também dos medicamentos que curam uma pneumonia em 48 horas e que há anos matava 90% dos que a contraiam. Mas, ainda assim, a complexidade da nossa relação com outros seres da natureza, como os vírus, por exemplo, pode ensejar mal-entendidos, como ocorre agora quando a ciência é contestada e o empirismo é defendido com vigor medieval. Há outras ciências nas quais as incertezas são também maiúsculas, pelo menos, difíceis de entender pelo senso comum do cidadão não versado em suas complexas relações, as quais até justificam um anual prêmio Nobel aos seus melhores, refiro-me à Economia. Para il

O GARGALO ENERGÉTICO

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  A próxima conta de energia elétrica nos chegará às mãos com acréscimos de 20% em relação às anteriores, contas que se diga de passagem já têm andado pesando nos orçamentos, tanto dos consumidores residenciais, quanto nos dos institucionais. É a aplicação da tal bandeira vermelha, acionada quando o sistema de geração tem que se socorrer das termoelétricas para atender a demanda. Apesar das negativas oficiais, há risco concreto de racionamento e apagões. Não adiantou nada a gritaria dizendo que “nossa bandeira jamais será vermelha”, a da energia será já agora. Que pare por aí! Há 20 anos, em 2001, enfrentamos apagões, multas, racionamento de energia e agora vamos chegando à mesma situação. Culpado? Ninguém melhor que São Pedro, que dos céus controla a água sazonal com mais ou menos fartura. O santo tem as costas largas, cabe-lhe também julgar, em primeira instância, o desempenho de cada um enquanto por aqui, e mandá-lo para o compartimento correspondente. A falta de chuvas deste an

NÓS, OS DA SELVA

  Por Danilo Sili Borges Presidentes deveriam pensar antes de falar. Esta semana, destacou-se o argentino Alberto Fernández, que dando de puxa-saco do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, esnobou: “Os mexicanos vieram dos índios, os brasileiros vieram da selva, mas nós argentinos chegamos com os barcos. E os barcos vinham de lá, da Europa. E foi assim que construímos nossa sociedade”. A reação da imprensa brasileira foi de retaliação ao que pareceu ser insulto. O atabalhoado presidente argentino desculpou-se “a quem pudesse ter se sentido ofendido” com sua patacoada. Para conhecermos bem o chefe máximo da seleção albiceleste, penso que é conveniente não inibirmos as manifestações da autoridade argentina, afinal, para saber se alguém é bobo e despreparado para sua função, é preciso deixá-lo falar. E não venham me dizer que estou misturando presidente da república com futebol. Por aqui também fazemos isso, ou não? Muito da rivalidade entre nossos países tem origem no futebol,

ENSAIO SOBRE A MUDEZ

Por Danilo Sili Borges  Na realidade, não pretendo produzir um ensaio, mas como em todas as semanas, uma crônica modesta que não exceda muito a paciência do leitor. O título ocorreu pelo tema que me fez associá-lo às obras: Ensaio sobre a cegueira, Ensaio sobre a lucidez e As intermitências da morte, do saudoso José Saramago, prêmio Nobel de literatura. “Seriam necessários 320 dias de silêncio caso fosse feito um minuto de silêncio para cada vítima da Covid-19 no Brasil”, afirmou a Dra. Luana Araújo em seu competente depoimento na CPI, nesta semana. Logo imaginei, ao modo de Saramago, um ano sem ouvirmos vozes humanas. Somente os bebês teriam direito ao choro e os doentes às lamentações e gemidos incontroláveis. O gênio literário de Saramago levaria a situação a limites inimagináveis, sabendo associar a vitalidade do maligno vírus aos tons destemperados que os políticos brasileiros emitem em agressões desmedidas uns aos outros e aos convidados e convocados a depor, tornando as bela