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Mostrando postagens de dezembro, 2020

UMA LEITURA PARA 2020

  Por Danilo Sili Borges Esta crônica nasceu de conversa recente que mantivemos, meu amigo Aluisio Oliveira e eu, sobre as discussões quanto às vacinas contra o contágio pelo SARS-Cov-2 e o temor de parte da população em utilizá-las. Da longa prática nas UTIs, às salas de cirurgia e de décadas observando as reações das pessoas, seus temores em situações críticas e de acompanhar os avanços das técnicas, dos medicamentos, dos tratamentos, vivenciei com o Dr. Aluisio “uma visão de dentro”. Fomos além e elucubramos, como cidadãos do mundo, sobre o presente e o porvir. Nem sempre estivemos de acordo, mas ganhei o tema desta crônica: Como avaliar este ano confrontando-o com o de outras catástrofes enfrentadas pela sociedade humana. Até mesmo na conta das crendices se colocam as dificuldades que estamos atravessando com a pandemia. “Ano bissexto, e com essa repetição 20 e outro 20, dava pra adivinhar, não vejo a hora dessa urucubaca acabar”. Este ano, mais que qualquer outro, trouxe glo

AS GUERRAS DA VACINA

  Por Danilo Sili Borges Meu conhecimento do perigo dos vírus e da importância das vacinas começou ainda na pré-adolescência, quando minha amiga de praia foi contaminada pelo poliovírus, naquele início do verão de 1954. Rose escapou da morte, mas perdeu o movimento das pernas que se atrofiaram definitivamente. Pouco tempo depois a vacina Salk seria criada. Durante anos continuamos vizinhos e amigos. Rose superou com garra sua deficiência e suas limitações. Desde então, compreendo bem a importância das vacinas e das campanhas de vacinação e não caio em conversas de “cerca lourenço”. A sabedoria popular preconiza que “A História não se repete”. Se tomada ao pé da letra, isso é verdade, se visto em linhas gerais, encontramos fatos e circunstâncias que ocorrem com características semelhantes ou francamente contrastantes com décadas de defasagem, que podem não ter valor para a historiografia, mas que calham bem à visão crítica dos cronistas, como analistas dos costumes e de personagen

CARTA A MARCELLO JOSÉ MOREIRA

 Por Danilo Sili Borges Marcello, estou aguardando os originais do livro que você me solicitou que lesse, com curiosidade, confesso. Primeiro, porque sei do seu talento como escritor e do conhecimento que você tem como estudioso da história da Igreja Católica, depois por você me ter dito que eu era o único agnóstico a quem você entregaria aquela tarefa. Ganhei vaidade pela confiança e preocupação pelo rótulo. Trabalhos de pesquisa histórica devem estar assentes no pressuposto da isenção, e quando conduzidos por um aficionado, isso pode falhar. Não terá sido esse o caso da sua obra. Nos conhecemos há décadas e desde então discutimos temas polêmicos, desses que dizem não se deva discutir. Vem daí a admiração e o respeito que tenho pela pessoa íntegra que você é, incapaz de transgredir uma única vez a ética natural preexistente em todos nós, e que está acima das que se escrevem nos códigos. Conhecendo o autor, como conheço, atesto preliminarmente a honestidade da obra. Espero poder

ELEIÇÕES COMPARADAS

  Por Danilo Sili Borges Com defasagem de poucos dias, tivemos oportunidade de acompanhar as eleições nos Estados Unidos e no Brasil. As diferenças entre os dois eventos políticos são abissais, mas pode-se também colher semelhanças, e este cronista procurou pôr o foco de sua atenção em ambos os aspectos, procurando ressaltar o que possa parecer ser vantagem de lá e de cá. Eleições, com voto universal, para escolha dos detentores do poder e dos representantes do povo, é um ganho social recente praticado em parte ainda limitada do planeta. Cabe aos que detêm parcelas desses direitos, os políticos, preservá-los, aprimorando suas práticas, mas nunca o desvalorizando frente à opinião pública, para ganhos eventuais.   Lá, disputou-se a presidência da república, em votação em que os eleitores, por estado, ao sufragarem o candidato de preferência, estavam decidindo quem seriam os delegados ao colégio que elegeria, por fim, o presidente. Assim, o mandatário americano não é eleito por voto