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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

MEMÓRIAS FURTADAS

Por Danilo Sili Borges Domingo, 16, Rio de Janeiro, bairro da Glória, local movimentado da Zona Sul da cidade. Arrancaram do pedestal, em ação audaciosa, a estátua de bronze da mãe do Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, Proclamador e primeiro Presidente da República brasileira, que compunha o monumento a ele dedicado. A peça furtada tem dois metros de altura e pesa quatrocentos quilos. Ninguém viu o crime, o que configura façanha digna dos livros de Sherlock Holmes, escritos por Conan Doyle, na velha Londres. O episódio provocou perguntas. A mais interessante, é: Por que na obra de evocação aos feitos do Marechal comparece sua progenitora? Fato que não é comum, em condições similares. Para comparar, ocorreu-me e, possivelmente, ao leitor, a lembrança da magistral Pietá, de Michelangelo, na qual Maria tem nos braços, Jesus, seu filho exangue ou morto. SMJ, nela o protagonismo é o da mãe que sofre. Ela é o proscênio do representado em mármore.   Outras curiosidades surgem ao ref

O LINGUÔMETRO

Por Danilo Sili Borges –   Tchutchuca é a mãe, é a vó.   –   “Parasita” é a mãe, é a vó!   –   Não, Parasita é o Oscar, o melhor filme do ano. –   Os funcionários públicos ganharam o Oscar? –   Parem! Desculpem. Está tudo fora do contexto. Eu não disse isso. Sim, disse, mas não disse. O contexto era outro. –   Sempre o contexto. O Chefe já avisou que não fala mais pela manhã. Publicam sempre suas declarações fora do contexto. Para comemorar ele distribuiu bananas para os presentes. –   Uma start up do Vale do Silício desenvolveu, a pedido do Trump, aparelho que o político pode usar no bolso e que quando o portador exagera nas besteiras que está falando ele dá um pequeno choque de advertência na ponta da língua do portador. O choque vai aumentando se o cara continua a falar merda. É o tongueshitmeter . –   Por aqui, ia ter muita gente morrendo eletrocutada por via oral. –   Não tenha preocupações, logo inventarão um enxaguante bucal com um aditivo elétrico-isolante.

CAVEIRA DE BURRO NO ENEM

Por Danilo Sili Borges Boas ideias só são realmente boas quando podem ser bem executadas. Até hoje, não vi ninguém contestar os objetivos a que o ENEM se propõe. A possibilidade de permitir que todos os pretendentes a ingressar nos cursos superiores do sistema público possam concorrer em igualdade de condições por todo o país, permitindo que jovens de regiões em que o ensino médio é de menos qualidade possam buscar vagas nos cursos mais concorridos é louvável e conduz a uma elevação do nível geral do ensino por todo o nosso território. O programa pode ser considerado oxigenante. No seu bojo, estão ótimas ideias desde que foi criado, ainda em 1998, então como ferramenta para avaliar a qualidade do ensino médio. Ao passar a concurso de vestibular, começaram os recorrentes, variados e infindos problemas. A ideia continuou preciosa. O Calcanhar de Aquiles tem sido a execução. Por mais de uma vez, ouvi dizer que “enterraram caveira de burro no ENEM”. E isso é injusto, pois cria falso c

HERÓIS E MÁRTIRES

Por Danilo Sili Borges Desagradam-me os esportes marciais, os de luta corporal, como o box, o karatê, o jiu-jitsu. Há, no entanto, um aspecto que me chama a atenção nesses embates: os contendores se estapeiam, se socam, torcem membros, rolam chutes, joelhadas, cotoveladas e imobilizações, que certamente causam dor e traumatismos recíprocos e ao final se abraçam,   se cumprimentam e.... tudo bem. Não lhes sobe aos olhos, em nenhum momento, o sangue do ódio, da vingança, do tentar destruir o outro, como reação instintiva aos maceramentos sofridos. Deixam assim de ser apanhados pelos mais vis sentimentos humanos. Nota-se a sutil diferença entre adversários e inimigos. Faço essa consideração porque entendo que ódio, inveja, medo e quaisquer sentimentos menores, ao turvarem os sentidos, fazem com que o contendor cometa erros, no que poderíamos chamar de estratégia. E então perde a luta. Herói ou mártir são avaliações que o povo faz frente a fatos excepcionais desempenhados por cida