GENOCÍDIO E DENÚNCIA VAZIA
Por Danilo Sili Borges
Genocídio
foi uma palavra que apareceu com frequência nos órgãos de comunicação no mês
findo em relação a instituições brasileiras.
A
primeira menção que me tomou a atenção, como, aliás, à totalidade da nação,
pela inesperada origem, veio de um alerta do mais popular ministro do STF,
Gilmar Mendes, ao Exército Brasileiro, que poderia se estar associando a um
possível genocídio, tendo como causa o Ministério da Saúde e, portanto, a
política da área estar sendo definida por general daquela arma, sem as
qualificações técnicas necessárias para a função, numa quadra em que o país enfrenta
pandemia que ceifa milhares de vidas em curtos períodos de tempo.
No
entendimento deste cronista, a ilação pareceu exagerada, mesmo tendo em conta a
militarização promovida pelo Presidente da República naquele ministério, após
não ter tido sucesso em conseguir impor seu pensamento leigo a dois ministros
médicos por ele nomeados. Apelou, então, o chefe das forças armadas para o
argumento do setor: a hierarquia, e ponto final.
Em que pese
estar o ministro Mendes sempre disposto a declarações à imprensa, comportamento
não típico a juízes, neste caso tornou-se ainda mais estranho por não ser
típico dessa alta autoridade judicial confrontar setores que lhe possam
retaliar à altura. Tudo parece ter sido um destempero durante uma live em que o
ministro participava. Como previsto em crônica anterior o incidente será – ou
já foi – convenientemente esquecido. Ficará o dito pelo não dito. “Amigos para
sempre”, como na canção.
Repercussão
maior, com carga de intenção maliciosa e destrutiva, o termo genocídio veio em
denúncia contra o Presidente Bolsonaro ao Tribunal Penal Internacional de
Haia. Ninguém poderá negar a inabilidade
de Bolsonaro ao lidar com a doença desde que o vírus aportou por aqui.
Gripezinha, deboche aos cuidados recomendados, comentários inoportunos,
exemplos pessoais contrários às recomendações médicas – num comportamento quase
de garoto malcriado – tudo no seu jeito rude e desagradável, que me desculpem
seus apaixonados seguidores, mas daí a classificá-lo como genocida vai imensa
distância.
Restou claro o
objetivo político-ideológico de atingir sua figura internacionalmente, mas com
o que o bom senso não nos permite concordar. Durante todo este período em que
estamos sofrendo o ataque da doença, anteriormente mesmo aos primeiros casos,
ainda quando nos preparávamos para o que sabíamos iria chegar, o governo
colocou no combate à doença os recursos para a guerra que se avizinhava e o tem
feito durante todos esses meses, mesmo se levarmos em conta a carência das
nossas contas públicas, após gestões terríveis pelas quais o país passou.
Recursos para
proteção e redução de danos à população carente foram e estão sendo
providenciados. Erros existem, mas não há evidências de nada deliberado contra
populações, pessoas ou etnias. Maliciosa, perniciosa e injusta a atitude dos
que assinaram e encaminharam a denúncia
de genocídio, que procurou atingiu não apenas o Presidente da República, como
aparentemente foi feito, mas denunciou também toda a estrutura de poder do
país, como cúmplice, leniente ou inexistente.
Implicitamente,
o documento informa ao exterior que o povo é vítima de cerceamento de liberdade
de expressão e de mobilidade, a tal ponto que seus direitos mais fundamentais
têm que ser pugnados em tribunal além de nossas fronteiras. Nada mais falso e distante da nossa
realidade.
Quero
acreditar que os autores do documento miraram apenas em Bolsoraro, mas
atingiram a Nação, suas instituições, seu povo. Vivemos em país pobre, carente,
onde ainda é endêmica a corrupção e a proteção aos corruptos, como, com
indignação temos assistido nesses últimos dias, sob o patrocínio dos que
deveriam estar a incriminá-los, mas onde, de alguma forma as instituições
funcionam e o que nos cabe é aprimorá-las.
Os prejuízos causados pela Denúncia Vazia é um
bumerangue que voltará e poderá fazer retroceder conquistas sociais, que
movimentos progressistas legítimos e responsáveis têm conseguido alcançar. Uma
perda a lamentar!
Crônicas da Madrugada.
Danilo Sili Borges. Brasília – Ago. 2020
danilosiliborges@gmail.com
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