TEORIAS CONSPIRATÓRIAS
Por Danilo Sili Borges
Reagir com as armas que
dispusermos sempre que oprimidos. Definido o inimigo, de peito aberto, ou de
modo solerte, reunimos forças para investidas no sentido de derrotá-lo ou de
desmoralizá-lo, divulgando aos quatro ventos o que sabemos de suas maquinações e
de suas fraquezas. Isso é da guerra, de qualquer guerra.
Teorizar sobre o inimigo, sobre
suas razões, estratégias e objetivos é consequência da melhor das capacidades
da espécie: a inteligência.
Estamos passando por período de
restrições nestes meses em que a Covid-19 aportou por aqui. Nosso humor
tornou-se rascante, a serenidade perdeu-se pelas noites mal dormidas e a
liberdade de andarmos ao léu transformou-se em prisão injusta e sem culpa.
Não temos meios de sair da
defensiva. As armas de guerra, que com tanto zelo guardamos nos nossos
arsenais, prontas para destruir o planeta, são ineficazes para causar danos ao SARS-CoV-2,
que nos acua.
A defesa eficiente e o posterior
ataque ao agressor estão sendo objeto de estudos nos laboratórios das
universidades e nos institutos de pesquisas biológicas pelo mundo. Por hora, o
que nos resta é nos escondermos e tentar perceber quais são os objetivos do
inimigo. Daí o surgimento de hipóteses para explicar os porquês do que nos
angustia. Essas tentativas de entender o que nos oprime levam às Teorias
Conspiratórias. Quimeras, devaneios construídos no afã de controlarmos o processo
que foge ao nosso mando.
Como não há muitos fatos
concretos sobre os quais tecer essas teorias, elas são elaboradas a partir da
visão do mundo multifacetado de cada um. Isso conduz, até, a que algumas sejam,
na essência, paradoxais, como a esposada pela dupla dinâmica Trump e Bolsonaro
– este infectado, no momento, pelo coronavírus – de que o organismo patológico
foi criado pelos cientistas chineses para infectar o mundo e ao mesmo tempo
afirmam que a doença é banal, uma gripezinha. Quanto à segunda hipótese, a realidade logo
mostrou o quanto estavam errados. Seria a pandemia resultado de ação humana
deliberada, para atingir fins nada confessáveis? E aí seria um crime!
Há os que veem o mundo rachado,
numa espécie de Tordesilhas ideológica, em duas metades, em duas ideologias, e
concluem que os países governados pela boa metade – aquela da qual é adepto –
está se saindo melhor no combate à praga, para justificar sua paixão fundamentalista,
sua fé nessas religiões modernas, nos seus dogmas, nos seus deuses e
sacerdotes. O mesmo homem crédulo de sempre, através dos tempos.
Circulam também as teorias de
fundamentação racial, que concluem que em regiões com predomínio de
determinadas “raças” ocorrem menor número de incidências e óbitos por covid-19.
E concluem: Raça mais forte, predisposição natural para sobrevivência a
cataclismos.
Torcem estatísticas e esquecem
fatores que não lhes convêm, como sonegação de dados por ditadores de todas as
cores e bandeiras.
Em prisão domiciliar nos últimos
quatro meses, decretada por minha mulher e executada por filhos, neta e genro,
cogito. É o que me resta. Vou fundo! Quem é o autor deste atentado? Quais seus
motivos? Sempre há razões para o que acontece. No isolamento que me impuseram,
vesti-me de agente da PF ou de Procurador da República, com mais liberdade
funcional até que os concursados e falei para mim mesmo: vou pensar como eles:
“Para descobrir os autores dos crimes, siga o dinheiro”.
Tudo foi ficando mais claro. Quem
ganha mesmo com a pandemia que mata, seletivamente, os velhos? Para jovens ela não
passa de gripezinha ou de nada, pois 80% não chegam a ter sintomas. E de um
sopapo concluí: a Previdência Social, que apesar dos cortes, não resolveu tudo;
o Sistema de Saúde Pública, igualmente vítima, como os que não consegue atender
dignamente e os Planos de Saúde, que estão sempre procurando se livrar dos
idosos, esquecendo-se que os velhos de hoje pagaram por toda vida suas
mensalidades quando jovens.
Daí foi fácil imaginar a reunião
entre os responsáveis no governo por essas áreas, com o criador de morcegos
gigantes, dono da barraca no mercado de Wuhan e com o cientista venal do
competente Instituto de Virologia da cidade, contratado, por milhares de
dólares, para fabricar o corona, que virá resolver os problemas que os
políticos brasileiros não deram conta.
Teoria conspiratória de mais um domingo trancafiado!
Crônicas da Madrugada.
Danilo Sili Borges. Brasília – Jul.2020
danilosiliborges@gmail.com
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