QUEM NOS MANIPULA?
Humanos, somos certamente a mais
violenta das espécies no planeta. Os instintos primevos de sobrevivência e de
preservação da espécie estão presentes em todas as formas de vida, mas penso
que é na nossa que se verifica a exacerbação e os hiper desvios do que se
poderia considerar como normal, isto é, na autoproteção e na proteção do seu
grupo. A inteligência e o conhecimento de existir como indivíduo nos fez
aparentemente capazes de poder graduar a ação desses instintos, que se nos
manifestam primordialmente pela atividade hormonal, sendo esta de reação involuntária
ao ambiente.
Nestes últimos dias, a imprensa
mundial nos colocou frente aos olhos degradantes espetáculos de intolerância
racial em episódios em que atletas negros foram insultados em praças esportivas
em diversos locais, inclusive na culta e evoluída Europa.
Características encontradas, com
frequência, nos homens e mulheres civilizados são a iconoclastia e a sua
oposta, a iconofilia. De um lado quebrar
símbolos e imagens religiosas ou, por outro, mais sutil e menos aparente é o
seu contrário, a adoração a símbolos, o que muitas vezes gera o comportamento iconoclasta
aos símbolos que não os seus.
Atitudes que nos parecem
incompreensíveis explicam-se por essas heranças culturais, talvez atávicas, eventualmente
ainda não elaboradas pela mente racional do homem moderno, que deveria nos habitar.
Fenômenos do comportamento humano originados nas antigas tradições religiosas, tantas
vezes conflitantes, nas quais os indivíduos colocam emoções do tipo de amor fervoroso,
foram sendo tomadas de empréstimo por outras, cujos símbolos, como os dos
esportes, particularmente o futebol, os da política e até mesmo os de marcas
comerciais, passaram a ter seguidores do tipo fãs, isso é, fanatizados.
Adorar símbolos ou simplesmente
odiá-los ou temê-los é a porta aberta para a manipulação a que podemos ficar
sujeitos – e o estamos sendo constantemente – na sociedade altamente tecnológica
e midiática em que vivemos. Essas manipulações podem afetar profundamente
valores individuais e, por essa via, os sociais, o que nos traz à lembrança guerras
religiosas, algumas ainda presentes, o nazismo, o comunismo e a intolerância crescente
que se percebe no mundo atual.
Aprisionar-nos a mente pelo
controle de nossas emoções pelo amor – ou ódio – a um símbolo, a um ideário, a
um líder, embotando-nos o poder e o dever de análise e crítica, atributo dos cidadãos,
é tudo que lideranças carismáticas pretendem e tentam durante todo o tempo e em
todas as oportunidades. “Veja quem tem olhos de ver!”
Crônicas da Madrugada completou
em junho último três anos, nos quais esteve presente todos os fins de semana,
sem falhas. Seu autor, até então, publicava eventuais artigos para engenheiros
sobre a profissão, a política profissional e a sua importância para o
desenvolvimento sustentável do Brasil em veículos específicos e no blog Conversa
de Engenheiro (www.conversadeengenheiro.com)
com a mesma finalidade.
Dizem as “más línguas” que os
engenheiros jovens lidam com a tecnologia, os de meia idade passam a
administradores e os que alcançam idades mais avançadas metem-se a filosofar.
No jogo da vida, estou jogando a prorrogação! Daí....começar a falar das coisas
que acumulei nas pranchetas, nas obras, pelos caminhos e com alunos,
professores, colegas, misturando tudo no liquidificador das ideias.
Meus primeiros leitores, reuni-os
num grupo de WhatsApp compulsoriamente entre amigos que considerava pessoas qualificadas.
Em grande parte desconhecidos entre si, de variados estados e de diversas
profissões. Ao longo destes 36 meses tenho recebido desses amigos inestimável
ajuda. Crônicas da Madrugada hoje chega um pouco mais longe e outras pessoas
contribuem com críticas e sugestões, mas o feedback que me permite avaliar o
trabalho e principalmente qual é a opinião média dos leitores, não apenas sobre
os textos, mas sobre o cotidiano do país e da nossa cidade, com regularidade, é
o grupo Crônicas da Madrugada com seus 150 participantes, que se tornou o laboratório
de que muito me utilizo. No alvorecer do domingo, a primeira postagem que faço do
novo texto é para esse combativo time.
Você, leitor, há de estar
perguntando, “por que combativo?” – Eu explico: procuro trazer, como é próprio
das crônicas, temas da atualidade, coloco sempre pitada de controvérsia para que
sejam estimuladas as reflexões, partam elas do ponto de vista de que partirem e
das crenças de cada um que me dê a honra da leitura.
No meu laboratório virtual,
eventualmente alguns dos críticos se exasperam uns com os outros (adotei por
norma não entrar nas discussões do grupo) e o ambiente fica como o do ring
oitavado do MMA. Mas, como em todo bom debate, logo se confraternizam....e eu
aprendo muito com eles.
As reflexões desta crônica são
dirigidas a todos os leitores, para que observem como iconoclastas e iconófilos
estão sendo manipulados largamente pela mídia. Devemos nos proteger.
Um compromisso: Passadas as
dificuldades de aglomeração, Crônicas da Madrugada reunirá o pessoal do
Laboratório Virtual para uma Noite de Queijos e Vinhos. Confraternização geral
entre os aguerridos debatedores!
Crônicas da
Madrugada. Danilo Sili Borges. Brasília – Jul. 2021
O autor é membro da
Academia Rotária de Letras do DF. ABROL- BRASÍLIA.
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