DIA DO ENGENHEIRO
Edito, desde setembro de 2010, o Blog Conversa de Engenheiro (conversadeengenheiro.blogspot.com), cuja ideia-força que aparece em sua abertura é “O DESENVOLVIMENTO DE UM PAÍS É DO EXATO TAMANHO DA SUA ENGENHARIA”.
No decorrer destes 11 anos, já
escrevi algumas vezes sobre o dia em que se relembra aquele 11 de dezembro de 1933
no qual o Presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto 23.569 regulamentando as
profissões de engenheiro, arquiteto e agrimensor. Para falar a verdade, eu usei
o tema anteriormente outras vezes quando, durante o período entre 1982 e 1987,
como presidente do CREA-DF, em coluna semanal que o Conselho mantinha no
Correio Braziliense, eu me dirigia aos colegas na seção denominada Recado do
Presidente.
O tema é obviamente recorrente. Neste
ano a oportunidade para reflexões sobre as decisões que devemos tomar para que
o Brasil possa reencontrar o caminho do seu desenvolvimento passa
necessariamente por discutir educação, desenvolvimento científico, tecnologia e
inovação e é por aí que transitam, historicamente, os engenheiros.
É no agronegócio que o Brasil se
vem sustentando nas últimas décadas, isto é, na engenharia agronômica, com os
frutos do bom sistema implantado com a criação da Embrapa em 1973. Que isso nos
sirva de exemplo.
Há muitos anos não presenciamos o
país focado em um desenvolvimento planejado e articulado. Nos melhores momentos
da economia mundial, fomos pródigos. Gastamos no suntuoso e na aparência, nem
sempre em investimentos produtivos. Resultado: crises energéticas sucessivas,
inflação, desemprego.
Atualmente, nos limitamos a execução
de estratégicas obras ferroviárias de interesse para exportação, o que é
elogiável, mas em volume muito inferior ao necessário para alterar o panorama
econômico. Desconheço inovações tecnológicas importantes que estejam fortalecendo
a indústria nacional – setor, aliás, cada vez menos competitivo –, como resultado
das nossas instituições de pesquisa, tão sofridas por incompreensão
institucional.
Perceba o leitor, despindo-se de
excesso de ufanismo patriótico, que o nosso país é um território ainda por ser
desenvolvido física, educacional, econômica e tecnologicamente e sob todos os aspectos
que o analisemos. Não adianta nos iludirmos dizendo que somos a 13ª economia do
mundo e que fomos a 7ª ou a 8ª. Os volumes que apresentamos são altos pelo
nosso tamanho, nossos índices são baixos, exceto no setor do agronegócio, já
citado.
Há muitos governos, nossa
política econômica é administrada pelo mercado financeiro, cuja característica é
a manutenção da liquidez nas suas diversas bolsas de transações, mercado de
curto prazo, imediatista. Todos os dias temos notícias de capitais externos e
internos, voláteis, que neles entram e saem buscando oportunidades de
resultados medidos em dias ou horas. Nada errado. A fluidez dos negócios, a
aceitação do risco inerente ao capitalismo é o que possibilita que as empresas encontrem
nesse mercado o capital que necessitam para suas operações em busca de liquidez
e alavancagem.
Além desse mercado, o país
necessita de investimentos de longo prazo para que sejam implantadas as
estruturas econômicas que lhe garantam o desenvolvimento. Necessita de capitais
que se instalem com projetos de longo prazo, estribados em certezas que lhe
sejam dadas por um projeto nacional de desenvolvimento. É aí que entram os
engenheiros e outros fatores que hoje estão sem oportunidades de participação
na vida econômica nacional, pelas incertezas que esta demonstra.
A ausência de empreendimentos
realmente produtivos é a causa do desemprego dos engenheiros e dos milhões de
desempregados. Medidas de política econômica tomadas pela dança dos índices das
bolsas não levam a nada, além do atendimento a interesses específicos e
limitados, dir-se-ia por incompetência, para os moderados ou por crime, para os
cansados de verem a situação se repetir. Especulação financeira é o nome disso,
com informações privilegiadas e manipuladas, supõem-se muitas vezes.
Ao sistema bancário deveria caber
o arrecadar a poupança da sociedade e aplicá-la na atividade produtiva. Entre
nós esse sistema prefere usar os recursos para financiar o sempre crescente déficit
governamental, sem riscos e com alta rentabilidade, este o segundo melhor
negócio do mundo.
O primeiro, com certeza, são os
correntistas. Os juros dos cheques garantidos, os dos cartões de créditos, as
taxas exorbitantes para tudo e o tal do “spread”. Curiosamente os ministros da
economia e planejamento, em 95% das escolhas, são próceres dos bancos e do
mercado de capitais. Muito, muito raramente da atividade econômica produtiva, do
chão de fábrica, do canteiro de obra, da botina com lama.
Em poucos meses teremos que fazer
novas escolhas de projetos para nossa sociedade, analisemos propostas de
desenvolvimento econômico e social que sejam viáveis, exequíveis, observemos
nomes, equipes e seus históricos.
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No dia 9/12, as entidades
representativas dos engenheiros do Distrito Federal reuniram-se no Clube de
Engenharia para um Jantar de Confraternização – por adesão. Não podendo estar
presente, liguei para o Presidente do Clube, Eng. Newton de Castro, justificando
minha ausência. Soube hoje, por delicadeza do colega, da grande participação e
do sucesso do jantar.
Para encerrar trago um ditado
português: “Não há bela sem senão”. O banner convidando para o evento
comemorativo do Dia do Engenheiro destaca a Lei 5.194 de 1966, de grande
importância. Mas foi o Decreto de 1933, do Presidente Vargas, que regulamentou
a nossa profissão e que foi assinado em 11 de dezembro daquele ano.
“Conhecer o passado, para ter
futuro, é preciso”.
Crônicas da Madrugada. Danilo
Sili Borges. Brasília – Dez.2021
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