FIGURINHAS REPETIDAS
Não sei se um tanto desanimado
com as gerações atuais, o desafiante intelectual israelense iniciou a
publicação de uma tetralogia, de seu pensamento, para crianças, baseado na sua
crença de que o mundo só será alterado e salvo se a infância atual começar a
perceber os novos conceitos e se posicionar de acordo com eles.
Além da história da evolução da
espécie, recontada com especial sabor, correlações das nossas reações
instintivas são aventadas com hipóteses sobre as vivências dos nossos mais
longínquos ancestrais e registradas na nossa hereditariedade genética.
Explica o autor, no livro Implacáveis-como
nós conquistamos o mundo, que o sucesso do homo sapiens em se tornar
o dono absoluto do planeta se deve a duas características que nenhuma outra
espécie animal demonstrou: a capacidade de cooperação em grandes grupos para
atingir fins específicos e a capacidade de imaginar, de conceber e criar idealmente
coisas inexistentes, de criar histórias, narrativas e mobilizar grandes grupos
por elas, característica também única dentre os animais, que até nos faz
pensar, preconceituosamente, que não somos um deles.
Esse primeiro volume foi
publicado recentemente, cem páginas dirigidas a um leitor com dez anos de
idade, que condensa verdades científicas comprovadas e sabedoria ancestral.
Vale a pena a leitura rápida e fácil para agradar a criança que fomos e para
refrescar conceitos que deixamos escapar na pressa “das coisas sérias” do dia a
dia. É sugestão para presentear no Natal que se aproxima os netos e os adultos
inteligentes do nosso convívio.
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Em época de Copa do Mundo, nós, de
priscas eras, preenchíamos também os álbuns com as fotos dos craques do futebol
internacional. Nada com a beleza gráfica que apresentam hoje. Não eram
autocolantes o que nos obrigava a usar colas: na época, a goma arábica ou então
um grude caseiro feito com farinha, que acabava por atrair baratas que em pouco
tempo destruíam o álbum. Havia as figurinhas “presas” ou muito raras que a
editora, dona do negócio, usava para nos fazer comprar os pacotinhos com 5
unidades de fotos mais que o necessário. Trocávamos os cromos, logo surgiam
camelôs especializados no negócio, tinham os jogos de bafo com as mãos em
concha. Há muito tempo estou fora da brincadeira, mas sei que existe porque
vejo alguns adultos e crianças das minhas relações na diversão. Naquela época se dizia: “Não adianta ter
muitas figurinhas, porque figurinhas repetidas não completam álbum”. Conversa
que surgia nas negociações, “3 por 1; 10 por 1”.
Ocorreu-me a ideia da figurinha
repetida por causa da eleição do próximo domingo, 2/10/2022, que segundo as
opiniões abalizadas terá como ganhador um dos dois primeiros colocados nas
pesquisas. Figurinhas repetidas na presidência da República. Um dos postulantes
pretende colar no quadradinho sua foto, agora com os cabelos brancos e pele bem
enrugada, pela terceira vez.
Parece-me que os eleitores não
concordam com a ideia de que é preciso colocar na galeria dos presidentes um
retrato novo.
No primeiro turno, concorrem 11
candidatos. Os perfis são os mais variados, permitindo escolhas segundo
critérios amplos e democráticos. O afunilamento deveria, segundo o planejamento
eleitoral, ocorrer no segundo turno das eleições.
Não é o que se está se
verificando, segundo as pesquisas. Para o primeiro turno são os que ocuparam ou
ocupam a presidência da República que somam aproximadamente 85% das intenções
de votos, o que me faz concluir que ambos tiveram grande aceitação do
eleitorado.
Inócuas são, portanto, as
campanhas eleitorais demolidoras usadas de lado a lado. Cada qual chegará ao
próximo domingo com seu eleitorado cativo, a partir da sua narrativa, aquela a
que Harari se refere, mesmo que seja uma abstração, mas capaz de mobilizar
grandes contingentes.
Portanto, o desemprego, o baixo
desenvolvimento econômico, a insegurança pública, a educação deficiente, a
saúde pública precária, a desigualdade econômica, a fome que se abate sobre boa
parte da população, nada tem a ver com as figurinhas repetidas? Pelo menos para
cada metade dos eleitores?
É possível que o programa de cada
um para o novo mandato esteja explicando tudo o que desta vez será feito e eu é
que não os tenha lido, ou será que eles não têm mesmo programas coerentes e
detalhados de governo?
Isso seria demais num país sério
e desenvolvido como o Brasil! Eu é que não entendi bem! O eleitor está mesmo é
apostando na experiência adquirida pelo seu candidato. Por exemplo: Erros
cometidos nas políticas econômica, externa, industrial, educacional, de saúde
seriam agora corrigidos – uma espécie de exame de 2ª época, como se fazia
antigamente com quem não alcançava o desempenho razoável na primeira tentativa.
Isso agora se chama “Recuperação” (segundo minha neta). Quem quer que seja o
nosso presidente será, nessa hipótese, recuperável?
O cronista em nenhum momento
abordou neste texto a delicada questão da corrupção. Vergonha alheia!
Crônicas da Madrugada. Danilo
Sili Borges. Brasília – Set.2022
O autor é membro da Academia
Rotária de Letras do DF. ABROL BRASÍLIA
Harari apresenta excelentes argumentos p reflexao. Concordo q escrever p crianças pode alterar o rumo das coisas. Estou muito desencantado com esta eleição. Minha candidatura dos sonhos seria o Felipe D'Avila c a sensibilidade social da Tebet, assessorado pelo prof Cintra do imposto único e pelos liberais Bacha e Landau. Seria um retrocesso qq um dos 2 q estão na frente. Forte abraço e q Deus nos proteja. Ronaldo carneiro
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