O CANDIDATO E AS MULHERES
Os adversários tentam apresentar
o concorrente como um incorrigível misógino e trazem com grande recorrência
episódios em que nosso personagem não teria usado da adequada delicadeza ao
lidar com as representantes do chamado sexo frágil. A bem da verdade, o estilo
rude, direto, tantas vezes mal-educado não é reservado com exclusividade a
senhoras e senhoritas, é um estilo, para alguns inoportuno, do presidente. Com
homens e mulheres, Sua Excelência é do mesmo jeito. Nem defeito nem virtude,
uma característica.
A seu favor, devo dizer que os
destemperos - nunca ouvi dizer - tenham ido além do palavrório que o tem
prejudicado na campanha eleitoral em curso.
Esta não é uma crônica política!
Aproveito esse fato público de repercussão para fazer algumas reflexões que no
entender de homem casado, já elucubrando no mimo a ser oferecido a minha mulher
ao completarmos as Bodas de Diamante (60 anos de casados), possa servir para
aplainar o relacionamento entre os dois sexos extremos da palheta hoje tão
colorida. Indica a liturgia que a prenda traga a pedra comemorativa da data. Venho
economizando para o diamante desde os 50 das de Ouro.
Com um único casamento, não me aventuro
como expert nesse tipo de relacionamento pela variedade. Como engenheiro, no
início das atividades, o convívio profissional era de quase 100% masculino, mas
como professor vi a transformação das mulheres ingressando nas engenharias,
como em todas as demais profissões chegando hoje a participações igualitárias.
A primeira aluna da minha escola
foi Telma, lembro-me bem do seu primeiro dia ao chegar com os outros 99
calouros que ingressavam. O evidente contraste era agradável, mas era uma
invasão indevida, pensávamos, os veteranos, aos nossos domínios, rudes e
desprovidos de sutilezas.
Os primeiros tempos foram
difíceis para nós, penso que muito mais que para ela, que se ia impondo pela
naturalidade no contato com aquela tribo de 500 ou mais de “desajustados”
sociais, mas que por educação de berço sabiam que lhe mereciam o mesmo
tratamento que davam a suas mães, irmãs e namoradas. Mas ela era uma intrusa no
“nosso templo!”
A aproximação da colega a algum grupo com frequência
interrompia a conversa, quando mais não fosse para mudar o vocabulário chulo.
Havia, claro, constrangimento da nossa parte, nada imposto pela jovem, moderna
e de trato superior.
Culta, praticante de teatro amador, pianista, viajada, a garota moderna não nos
ignorava, mas desconhecia nossas fraquezas e idiossincrasias e não dava
importância às tolices que inadvertidamente ouvia.
Pelos mais ousados, vieram
as primeiras tentativas de conquistá-la, nada feito. Superioridade absoluta da
menina, que transitava entre nós, com desembaraço total. Ao fim do primeiro
trimestre, os veteranos que viviam a maior parte de suas vidas no Diretório Acadêmico,
decretaram: “Passou para a Escola é Homem”.
Se há alguma observação que possa
fazer a homens jovens ou mesmo de idade, como o candidato que hoje se debate em
busca do sufrágio feminino, é quanto à memória seletiva que essa maravilhosa
metade da espécie humana tem para coisas que os homens dizem e que de alguma
forma as tocam, quer pessoalmente, ou a todas elas, como minoria social que
ainda são. Até os elefantes, famosos por suas memórias, esquecem de algumas
coisas, as mulheres nunca.
Lembrar-se-ão para sempre de uma
florzinha que você lhe ofereceu no início do namoro, colhida no jardim público,
após o primeiro beijo roubado (na minha época era assim), que ela guardou no
livro da missa, como gravou em granito uma expressão rude que você usou, mesmo
que fora de uma discussão, mas que ela não gostou, e que 30 ou 40 anos depois
de proferida, volta maturada com toda mágoa, numa mesa do domingo, em que vocês
estavam comemorando o almoço do neto mais velho.
Elas são assim, maravilhosas,
imprevisíveis e nunca esquecem. Não caia nessa de que as mulheres modernas são
diferentes. O que está impresso nos seus DNA, necessitarão de milênios para
serem alterados. Não tenha esperanças. Cuidado com o que você fala com elas, isso
sempre voltará.
Dicas complementares:
Se no debate da Band, o Candidato
ao invés de ter dito, com rudeza: Vera Magalhães, “você,.”, tivesse dito: “Verinha,
fico feliz, de coração, tenho certeza de que você quer o melhor para o país.
Como presidente sei que estou sempre nos seus pensamentos. Sei que você compreende
as dificuldades da tomada de decisões, como pessoa sensível e inteligente que
é...”(É preciso ser verdadeiro, sentir o que diz, conquistar!)
Todos nós, humanos, gostamos das
sutilezas que têm duplos sentidos, levemente maliciosos, aceitamos bem quando
isso não vem acompanhado de cantada. A mais pudica freirinha do claustro mais
fechado do mundo ouvirá uma observação desse tipo sem enrubescer, isso é próprio
da nossa natureza.
Fale rindo, coloque suas
“impropriedades” com delicadeza, sensibilidade e carinho, abra seu coração e
tudo será aceito. Seja um sedutor!
E nas relações de amor, em
qualquer idade, uma boa dose de erotismo dissolve mal-entendidos ancestrais!
Crônicas da Madrugada. Danilo
Sili Borges. Brasília – Set. 2022
O autor é membro da
Academia Rotária de Letras do DF. ABROL BRASÍLIA
Meu Caro Professor Danilo,
ResponderExcluirEm menos de 30 dias não se lapida um tosco e ranzinza, que nem a farda verde oliva o suportou!
A forma de colocar o mesmo assunto faz toda a diferença. Só a vida nos ensina isto. Experiência!!!. Me encantou a convicção na economia de mercado do candidato Felipe D'Avila. Crença no empreendedor . De nada adianta ter um ministro da economia liberal se o líder e um estatista!!!. Vide atual presidente. Aliás, candidato dos sonhos seria o D'Avila com o prof Cunha do imposto único e a sensibilidade social da Tebet assessorado pelo Bacha e Landau.
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