NÓS, O ELEITO E O OUTRO
Na votação do segundo turno que
terá lugar em poucas horas, ambos são personalidades bem conhecidas do
eleitorado. Lula foi presidente por dois mandatos, Bolsonaro é o atual
presidente. Virtudes e limitações desses homens públicos foram expostas à
exaustão na campanha eleitoral, até ultrapassando os limites do bom senso e do
bom gosto. Arrisco-me a dizer que não há nada em suas vidas que não tenha vindo
a público. Fake news se desfizeram nos prontos desmentidos comprovados. Sobrou
o “trigo” da verdade, que embaraçou e enrubesceu um e outro nos debates. O
“joio”, que foi muito, depôs contra o acusador sem fé! O povo não é bobo.
Exceto a minoria de extremistas
das franjas radicais das duas visões ideológicas em disputa, o que o cidadão
brasileiro quer é paz e tranquilidade para trabalhar, criar seus filhos, produzir
e crescer. Os candidatos assumiram esse compromisso com a grande maioria ao se
submeterem ao escrutínio popular. Tanto é assim que ambos, o da direita e o da
esquerda, ao longo da campanha, caminharam para as teses de centro como modo de
afirmarem suas candidaturas, deixando de lado seus vieses revolucionários.
Isso ficou patente na caminhada
de Lula ao procurar e receber apoio de segmentos conservadores do setor produtivo
– banqueiros, líderes empresariais, políticos, intelectuais – e candidatos do
primeiro turno, de perfil conservador, como o da senadora Simone Tebet.
Bolsonaro e Guedes anunciaram
benefícios inesperados a funcionários e aposentados, esquecidos ao longo do seu
mandato, além de correções salarias sempre contidas, renunciando a políticas
fiscais ortodoxas, tão ao gosto de determinadas escolas econômicas. Eleições
amaciam os corações mais empedernidos.
É preciso que tanto o eleito,
quanto os que irão constituir a oposição a partir de janeiro de 2023, percebam
o desejo dos brasileiros. Uma detida análise dos resultados destas eleições
poderá dar essas informações. Está claro que a radicalização não terá vez ou
lugar. O que vier a conduzir o país deve tirar de suas intenções o “golpe” ou
“golpes”. Não será admitida a ideia de que o poder prescinde do aval das urnas.
“O poder a gente toma”, preceito defendido por um conhecido decrépito
revolucionário profissional e pelo flácido juiz superior, não terá espaço.
Não há como introduzir fortes
modificações que vão além dos preceitos constitucionais. Aliás, é de boa
prática evitar-se a proliferação de emendas constitucionais, que pelo grande
número e oportunismo, têm desfigurado a Carta Constitucional de 1988.
No caminho da aprovação popular,
ambos os movimentos convergiram para modelo de desenvolvimento econômico e
social bastante próximos, o que permite esperar que, passada as mágoas do
embate eleitoral, prevaleça o bom-senso de técnicos e políticos do governo e da
oposição na formulação de um plano de desenvolvimento nacional, com base no que
as campanhas “venderam” aos eleitores para tentar o sucesso nas urnas.
São pressupostos desse plano a
democracia representativa, a multiplicidade de partidos, a não interferência na
política de outros países, o respeito à propriedade privada, a liberdade de
expressão, a imprensa sem censura e sem controle da mídia, a liberdade de culto
e o estado laico.
Em suma, eleitos, o foram para
respeitar os preceitos constitucionais! É possível alterá-los? Claro. O
dinamismo da sociedade moderna impõe adaptações que permitam, pari passu,
a modernização das relações sociais, humanas e econômicas, mas que sejam conduzidas
de modo consensuado, dentro do instrumental democrático existente e que
penosamente vêm sendo construído.
Os candidatos são, ambos, homens
de forte personalidade, líderes acostumados a conduzir, convictos democratas,
mas nem por isso livres da influência da parte mais ruidosa e radical de suas
assessorias e apoio político, por isso mesmo devem se acautelarem contra os que
os atentarão para aventuras fora das demarcações estabelecidas desde a
redemocratização, há quase quatro décadas, quer estejam no Planalto, ou na
oposição.
Golpes não passarão!
Crônicas da Madrugada. Danilo
Sili Borges. Brasília, 28 de outubro de 2022
danilosiliborges@gmail.com
O autor é membro da
Academia Rotária de Letras do DF. ABROL BRASÍLIA
A recente tentativa de tumultuar o processo eleitoral por parte do governo com as inserções de rádio no nordeste quase me levou a anular meu voto com está molecagem. Minha consciência me cobra muito - isto q vc quer pro seu pais???? Com serenidade e ouvindo o Tarcísio e Moro votei conforme planejado porém torcendo pra ninguém ganhar. Caso Tarcísio ou Moro fosse candidato, votaria com convicção e entusiasmo. Discurso do Lula sobre combater a fome me atrai muito porém seus métodos são ineficazes e só se consegue com concentração de poder, anti democráticos em sua essência. Penso que os bem intencionados devam dar sua melhor contribuição ao vencedor qualquer que seja ele. Vontade coletiva deve ser respeitada para o bem desta e das futuras gerações. Ronaldo Carneiro
ResponderExcluir