CAVALO-DE-PAU EM CARRETA CARREGADA
Em sã consciência, ninguém
pensaria em dar um cavalo-de-pau numa carreta carregada. Esses veículos são
capazes de atingir velocidades elevadas e têm freios potentes, tudo o que é
necessário para a arriscada operação. Não creio que essa ideia tenha, uma só
vez, passado pela cabeça do mais aloprado de seus motoristas, por saberem do
desastre que provocariam. Vidas e prejuízos incalculáveis ocorreriam.
Condutores dessas grandes estruturas móveis têm responsabilidades pessoais e
sociais.
Uma empresa, de qualquer porte é,
do ponto de vista econômico e social, estrutura que se move no tempo, não devendo
aplicar, no ambiente em que trafega, um cavalo-de-pau. Os prejuízos,
principalmente, os de ordem moral, seriam incomensuráveis.
Buscando melhor desempenho, seus
dirigentes, os CEOs (Chief Executive Officer) são substituídos, tal como o
são os técnicos dos times de futebol. Gradativas alterações são feitas,
adaptações a novos objetivos e estilos. Prevalece sempre o bom senso. Nenhum
CEO propõe ou impõe à sua organização uma operação de cavalo-de-pau. Se
ocorresse, o Conselho de Administração da empresa e seus acionistas e se for
uma Estatal, o próprio governo, o colocariam na rua, com um sonoro pé na bunda.
Todos os CEOs cercam-se de assessores que lhes prestam aconselhamentos
técnicos, indispensáveis neste mundo tecnológico. CEOs que sonham com besteiras
são corrigidos antes das 9h da manhã.
Na condução das empresas, em
geral, não se admite estrelismo, comportamento histriônico. O histrionismo é
uma doença, cujo risível portador faz de tudo para ficar em evidência e é até
capaz de dar um cavalo-de-pau numa carreta para mostrar o seu poder, para
mostrar que é “uma cascavel que um dia teve o rabo pisado”.
Um país é uma estrutura maior que
milhões de empresas. O Brasil é um país com 210 milhões de
colaboradores-habitantes, passageiros dessa carreta gigante.
O indicado para assumir a função
de novo CEO, para conseguir receber as indicações para o posto, teve que
apresentar certas qualidades de bom senso. Para tanto, chamou para junto de si
gente que não gosta de cavalos-de-pau, como Henrique Meirelles, Pérsio Arida,
Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan. Todos eles economistas com histórias profissionais
de competência reconhecida e que emprestaram seus nomes para dar credibilidade
a Lula na sua movimentação para a direita ideológica, o que lhe permitiu
alcançar os votos necessários à vitória.
Antes de sentar-se à frente do
volante da imponente carreta verde-amarelo, o eleito presidente começa a falar
em dar um formidável cavalo-de-pau na economia do país. Os negócios reagiram, a
bolsa caiu, o câmbio se tornou desfavorável ao Real. Uma pequena tempestade.
Arida, um dos criadores do Plano
Real, é hoje componente da equipe de transição, tem se mostrado publicamente em
oposição às declarações de Lula a respeito da política fiscal a ser adotada.
Numa direção similar, Meirelles, que foi presidente do Banco Central em passado
governo Lula, aparentando desconforto, não hesita em colocar suas posições.
Fraga, Bacha e Malan, no dia
17/11, na última quinta-feira, publicaram na Folha de São Paulo carta aberta
alertando o presidente eleito para os prejuízos que suas declarações estão
causando à economia nacional.
Note o leitor, que quando tão
gabaritado quadro de assessores é levado a publicar documento público para se
comunicar com o chefe, a luz vermelha do entendimento está acesa. Estaremos
vivendo o risco do rompimento do diálogo de Lula com os que lhe falam sobre
economia liberal?
Apenas a expectativa do cavalo-de-pau
que Lula está anunciando e reafirmando, já nos faz prever, no fim da rampa de
alguns meses, os destroços da carreta, como estão, ao que parece, antecipando, seus
desprestigiados assessores, que, com certeza estarão fora da boleia da carreta,
se essa perder o rumo.
Há os que pregam um recomeço
geral, um novo Big Bang, a destruição da estrutura econômica criada por séculos
de capitalismo e empreendedorismo. Que devemos voltar à tanga e à igualdade
original para daí construirmos a sociedade ideal, reunindo os escombros das
carretas desmanteladas no fim das curvas fatais. Esclareça-se que isso nunca
foi conseguido. E que o mais perto a que se chegou foi a distribuição
igualitária de pobreza e miséria em nome de justiça social! Ressalvando-se, é
claro, para os componentes do partido único.
Que Deus proteja nossa carreta!
Crônicas da Madrugada. Danilo
Sili Borges. Brasília – Nov. 2022
O autor é membro da
Academia Rotária de Letras do DF. ABROL BRASÍLIA
Questão do conflito e responsabilidade fiscal x responsabilidade social. Ambas devem ser respeitadas porque influem diretamente no desenvolvimento econômico. Em última análise está discussão nos leva ao conflito central entre capitalismo e socialismo. Creio que o proposto Pacto Social compatibilizar o fiscal com o social. Menos Keynes mais Mises. Menos governo mais comida saúde e educação pra todos, tudo a livre preço de mercado. Conte comigo. Ronaldo Carneiro
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