QUEM PROCURA ACHA
Por Danilo Sili Borges
“Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a
porta vos será aberta! Pois todo aquele que pede recebe; quem procura acha; e a
quem bate a porta será aberta.” (Mateus 7,8)
O
versículo bíblico na sua integralidade tem sentido diverso do adotado pelo título
desta crônica no trecho ali transcrito, que é o de advertência, quando não o de
ameaça e punição, que é como ele tem sido entendido por séculos.
Sua
transcrição integral tem por objetivo lembrar que ao longo da pandemia sempre coube,
e ainda cabe, bater na porta certa, a da ciência. Pedir a quem tem as respostas
apropriadas, os médicos, os cientistas, como já deveria ter sido feito, para
que as portas se abram para nós, para o Brasil.
Ouviu
os néscios, bateu na porta errada, pediu a quem não tinha o que dar, danou-se! E
nós com ele.
Por
que digo isso? Em boa parte deste ano da Covid-19, temos procurado soluções em
devaneios irresponsáveis, batido em portas com cabeças duras, e o resultado é
que estamos próximos das 1.800 mortes diárias. Pede e lhe será dado de acordo
com o que pediste.
Agora,
a ficha caiu. Os insensatos estão passando a outros a responsabilidade pelo
desastre inevitável. “A culpa é do STF, dos governadores, dos prefeitos”. E do
outro lado, “a culpa é do Bolsonaro, do general no Ministério da Saúde e do
Centrão”. E juntos gritam: “a culpa é do Rodrigo Maia e do Alcolumbre”, é
melhor bater nos ausentes. Não custa nada dar uma porrada no Dória, 2022 está aí:
“A culpa é do Dória”. E vai por aí.
Os da oposição estão encolhidos, mas no grande
Circo da Praça, Gleisi e seus comandados, cuja posição é “deixa o homem
sangrar”, esquecem de suas funções e conchavam cargos nas mesas e comissões,
onde dividem com o Centrão o espólio do povo dizimado pelo inimigo não
combatido adequadamente.
Punguistas
de votos, todos indistintamente.
Não
queremos culpados queremos soluções, soluções já. Soluções que estanquem a
perda de vidas, que se não forem urgentes logo chegarão a 500 mil. Só para
comparar, na Guerra do Paraguai o Brasil, de 1864 a 1870, perdeu 60 mil homens.
No Vietnam, em 8 anos os americanos amargaram 58 mil soldados mortos.
Com
rapidez a ciência está conseguindo desenvolver armas para conter as investidas
do inimigo. Vacinas estão disponíveis, mas a capacidade de adaptação dos vírus por
meio de mutações renova continuamente seu arsenal. O SARS-CoV-2 não é
diferente. Sabe-se que o surgimento de novas cepas está diretamente ligado ao
número de infecções produzidas, assim o melhor remédio de combate à
proliferação de novas variedade são os procedimentos protetivos já conhecidos
até que a vacinação se torne universal.
O
número crescente de contágios que se está verificando no Brasil nos torna um
risco para o mundo, estamos sendo vistos como o criatório de novas variantes.
Como consequência poderemos nos ver totalmente isolados das comunicações aéreas,
marítimas e terrestres, ao nos tornarmos perigo para a humanidade. “Quem
procura acha”.
Nos
últimos dias a imprensa internacional tem veiculado matérias expondo essa
preocupação mundial com a nossa situação e com o risco que representamos para o
planeta. Não me parece nada inglório aceitarmos e pedirmos ajuda internacional
urgente para revertermos o quadro dantesco que se avizinha.
Temos
adotado a imperial postura de que “o mundo precisa do Brasil” e isso é verdade.
Como produtor de commodities somos importantes, principalmente de alimentos,
mas a nossa contundente diplomacia, esquecendo as tradições da Casa de Rio
Branco, não se dá conta de que o Brasil precisa do mundo, e estou certo, mais
do que aquele deste.
Os
governos brasileiros de todas as orientações ideológicas e políticas, desde
sempre, organizaram-se em busca de eficiência, buscando quadros nas
universidades, no Itamaraty e nas Forças Armadas, instituições sabidamente de
excelência nos seus conhecimentos e nos métodos de ação.
Instalou-se,
há pouco, o pressuposto de que cada docente é um terrorista que traz na cintura
bombas prontas para destruir o Planalto, sendo melhor mantê-los afastados, o
mais longe possível. Os diplomatas também, supõem-se, sejam perigosos, gente de
fala sibilina, enganadora, vão lá fora e voltam cheios de ideias progressistas
no pior sentido. “Poucos são lúcidos como o Ministro Ernesto Araújo”.
Só
os militares são confiáveis. E ocupam todos os postos, os dos que eles entendem
e os dos que não entendem. Mas, como disse alguém “manda quem pode........”
Só para lembrar, a Venezuela adotou essa solução.
Crônicas
da Madrugada. Danilo Sili Borges. Brasília – Mar. 2021
danilosiliborges@gmail.com
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